Tuesday, July 21, 2020

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“FÉRIAS DE LUXO” NO CONVENTO DA MINHA FILHA
20 de julho de 2020

por Ana Braga-Henebry

Amigas em Cristo,

Voltei esses dias de uma estadia na casa de hóspedes do mosteiro da comunidade religiosa da minha filha. Elas são da ordem Norbertina, originária da França 900 anos atrás.

Minha filha, Irmã Maria, no comecinho da minha estadia, convidou as irmãs do noviciado para virem conversar comigo na sala de visitas. Através de uma grande janela com uma grade podemos conversar facilmente—e eu contei para elas das impressões de minha estadia.


Falei para elas que, embora a casa de hóspedes do mosteiro seja bem modesta, eu me sentia como se estivesse passando umas “férias de luxo” durante a minha estadia.

Eu continuei:

“Vocês sabem como são os hotéis de luxo… tudo brilhando por fora, anúncios, placares na estrada, luzes coloridas e preços caríssimos… comidas refinadas e extravagantes, champanhe, vinho, sobremesas decadentes… tudo tão lindo e luxuoso por fora, mas por dentro? O entretenimento muitas vezes vulgar, comida e bebida demais, as reclamações disso ou daquilo que no fim desapontam os hóspedes que pagam tão caro… e a volta para casa, o cansaço, a dor de cabeça, e a impressão que no fim as férias não satisfizeram. Porque no fim estamos sempre procurando o que satisfaz realmente nosso coração, e nenhum hotel, comida ou entretenimento mundanos por mais brilhantes conseguem realizar isso.  Essa férias luxuosas, nos olhos do mundo, são brilhantes por fora, mas vazias e pobres por dentro.

“Mas aqui, na minha estadia realmente luxuosa, o contrário acontece! O exterior pode ser humilde: nada brilha, não tem luzes neon, nem piscina em champanha, mas o interior é o que realmente brilha! Minhas refeições vêm numa cesta trazida pelas irmãs, a comida simples, mais saudável da horta orgânica, preparada com tanta habilidade e tento amor, e tão deliciosa! As horas durante o dia são divididas pelo sinal do sino batendo… horas de oração pessoal, horas de trabalhos (opcionais) deliciosos na horta (perfeito exercício no ar da serra), horas de refeições, horas de conversas com a freiras enquanto ocupadas com trabalhos de mão…  O entretenimento é do valor mais alto nesse mundo: a santa missa, a adoração, o rosário, e as orações sete vezes ao dia—começando com Laudes, até Vésperas e Completas antes de ir dormir (elas rezam todas as horas canônicas como no tempo antigo)—todas cantadas pelas irmãs, a maioria em canto gregoriano, canto que a tradição nos diz que foi inspirado pelo Espirito Santo! As vozes lindas das irmãs em harmonia cantando nos leva a mente para Deus, eliminando qualquer estresse e preocupação que trouxemos conosco… com a voz das irmãs louvando a Deus, assim também eu coloco nas mãos dele toda a carga da minha vida, e consigo descansar, agradecer, a dormir bem.

“Assim a estadia no convento, mesmo as coisas brilhantes do mundo, são as férias verdadeiramente luxuosas, pois são o “recheio” delas que são feitos de ouro puro, e diamantes. O mundo celestial vindo tocar a nossa vida na terra! Se o mundo fosse mais esperto, haveria uma interminável fila ladeira abaixo, todos pedindo e esperando uma vaga aqui!

“Aqui, os hóspedes encontram a verdadeira satisfação pelo qual o coração humano está sempre ansiando—o contato com o mundo eterno, lar verdadeiro e final do coração humano—e tem a experiência de verdadeiro descanso para corpo e alma. Saem refrescados, energizados, prontos para melhor enfrentar e ser luz perante a escuridão, confusão e tumulto do mundo.

As freiras do noviciado ouviam minhas palavras, sorrisos estampados no rosto, confirmando com a cabeça. Assim compreendi de uma maneira bem mais pessoal a vida delas, simples e cheias de alegria, vivendo aquela vida em obediência, vida de trabalho e oração, entre as badaladas do sino, todos os dias de suas vidas. Vidas dedicadas a tudo que vem do alto, deixando para trás as coisas que brilham no mundo, mas cujo brilho não satisfaz. Vidas imersas no exercício da virtude, da ordem, produtividade, oração, alegria. Vidas que escolhem o que na vida existe de realmente precioso e brilhante!

Tem pessoas que não conseguem ver as fotos de nossa filha, a linda e feliz Irmã Maria, atrás da grade do claustro. Para eles aquela grade é opressão, falta de liberdade, um objeto negativo e duro.

Depois de passar esse tempo com elas, eu compreendo ainda melhor como a grade do claustro é símbolo de exatamente o contrário: não somos nós, no mundo, que emprisionamos elas lá, oprimindo, tirando a liberdade.

São elas, lá, felizes, de livre-vontade e fazendo uma opção linda e madura, que se cercam com a grade que mantém o nosso mundo, escuro e confuso, além dos limites do mundo real e brilhante que elas escolheram.

A mesma grade que para o mundo profano e símbolo de aprisionamento, para elas é símbolo de sua liberdade. Dentro de seu claustro murado, elas têm a liberdade de viver a sua vocação! Assim elas prometem viver a vida, e que linda e nobre escolha a delas!

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